Mostra Competitiva Brasil

Com um traço bastante singular, Dona Beatriz Nsimba Vita redesenha a circularidade do mito, conectando espaços e histórias num curta-metragem tão bonito quanto desafiador. A alquimia da personagem principal, que se multiplica vertiginosamente, inspira um filme de difícil decodificação, mas que nos convida à sua trama por múltiplos sentidos: o primoroso trabalho plástico alinha-se a uma rigorosa investigação sonora. Cachorros vermelhos atentos, araras nervosas, fantasmas que invadem casas, uma receita ancestral escondida, o fim do mundo, seu recomeço… Nessa reunião alquímica, o trabalho imaginativo do artista e cineasta Catapreta constrói um universo poético, em nada alegórico, que rascunha aproximações com o real, mas sobretudo propõe uma estranha suspensão com o cinema na evidência do mundo.  A comissão parabeniza ainda a investigação estética e pesquisa histórica que resulta no traçado que dá forma à Dona Beatriz Nsimba Vita.

Azucena Losana, Fabio Rodrigues Filho e Kênia Freitas