Curtas prosas: realizadores e realizadoras sobre o 27º FestCurtasBH

Sheila Rodrigues, bibliotecária e codiretora dos curtas “O gato” (Contagem, 2023), ao lado de Sidneia Silva e Andresa Amaral, e “Natureza” (Contagem, 2024), ao lado de Jaqueline Lopes Diniz – filmes selecionados para a Mostra Paralela Infantil

Em 2019, no 21º FestCurtasBH, foram exibidos alguns filmes que também vieram do projeto “Luz, Câmera & Ação”, da Escola Municipal Newton Amaral Franco. Como está sendo a experiência de fazer parte do festival novamente, seis anos depois? O projeto “Luz, Câmera… Escola em Ação!” (até o nome  do projeto evoluiu) completou 8 anos. A turminha tem uma filmografia de 50 curtas em diversas linguagens, como animação em stopmotion, entrevistas, documentários e experimentais. Completamos neste ano a participação em 57 mostras/festivais internacionais de cinema. O experimental “Minha história sou eu que conto” representou Contagem e o Brasil no  Festival de Cinema Estudantil do Québec-Canadá.  

Nossa parceria com o Cine Humberto Mauro começou em 2018, quando o Bruno Hilário [atual Coordenador Executivo do festival] e a sua equipe receberam nossa 1ª Mostrinha de Cinema BAECS (Biblioteca Aécio Eduardo Coelho Simões) – o projeto de cinema nasceu na biblioteca da escola. Eu havia prometido às crianças que nossos curtas passariam num cinema de verdade. E o Bruno tornou essa promessa realidade com ingresso personalizado e tudo. No ano seguinte tivemos quatros curtas selecionados para o 21º FestCurtasBH: “Dia de chuva”, “Cabruuuummmmmm”, “Os flautistas de Contagem” e “Chapeuzinho Vermelho”. É uma honra e um sentimento de  emoção muito grande, retornar a esta casa e estar com esta família que nos recebeu e nos acolheu com muito carinho na 27ª edição deste festival que é referência em todo país, agora com os pequenos cineastas desta geração que aprenderam muito com as turmas que iniciaram o projeto em 2017.
Quais são os maiores desafios de se fazer curtas de animação no ambiente escolar? Quando começamos o projeto em 2017, a intenção era provar que a escola poderia produzir cinema com o que tinha em mãos: fita crepe, fita crepe e fita crepe [risos]; ou seja,  a materialidade que toda escola tem em mãos;  a matéria prima principal que é a criatividade dos estudantes e o celular. Não esquecendo que, o que desencadeou o projeto foi a redação primária da Lei nº 13.006/2014, que tornou obrigatória a exibição de filmes de produção nacional em escolas de educação básica. Uma vez que o cinema era utilizado na escola para ocupar turmas ociosas sem professores, e a biblioteca era o local de “despejo” destas turmas, a lei realmente me causou desconforto, raiva e um desejo de resposta que veio através do projeto. Se no início do projeto o objetivo era mostrar que era possível produzir cinema com o que tínhamos em mãos, com a preocupação de produzir conteúdo que falasse do nosso território, da nossa cultura, do nosso jeito de ser – quebrando os estereótipos  e indo além dos  enlatados –, hoje, como é natural, as crianças querem expandir suas produções para outros territórios da cidade, querem contar outras histórias. O desafio está na falta de materialidade que possa circular, ir e vir, estar nas mãos dos estudantes pequenos e grandes. Estamos em uma etapa em que as produções e os olhares da galerinha estão além dos muros da escola e dos limites do próprio bairro.

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