Juliana Magalhães, diretora do filme “Quando disse adeus achei que tivesse ido” (Cachoeira do Pajeú e São Paulo, 2024), selecionado para a Competitiva Minas.
O curta-metragem retrata o sertão mineiro, local pouco visto no cinema comercial, e denuncia o adoecimento de mulheres que moram em Cachoeira do Pajeú. A preocupação com essa questão parece estar fortemente relacionada, pela sinopse, com uma “visão de dentro”. Sendo assim, de que forma você espera que o público, pretensamente alheio a esse contexto, seja atravessado pelas questões representadas na tela? Acho que é um filme que nos faz refletir sobre como “um berço”, um lugar “de nascença” pode nos adoecer pelo simples fato de nascermos nele. Eu vejo o sertão mineiro como uma pessoa: é a seca no seu sentido mais amplo e profundo e essa seca não é só refletida no ambiente físico. É uma seca que reflete nas pessoas, em suas peles, em suas marcas e em suas trajetórias de vida. É uma questão existencial mesmo. Acho que o que eu sempre quis mostrar é isso: o sertão mineiro é uma pessoa.